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Atualizado: 2 de jul.

O Nelson, meu parceiro no samba "Bar do Bode", me mandou um vídeo, numa tarde de dia de aniversário de Martinho da Vila (ou seja, 12 de fevereiro de 2025), do Moyseis gravando em estúdio: era nossa música sendo gravada por ele. E a letra começa assim: "No bar do Bode, ouço um samba do Martinho".


Acho que nem é necessário dizer o quanto fiquei feliz quando ouvi "Bar do Bode" na voz desse artista que acompanho há tempos e que tem e faz um trabalho incrível. De fato, é uma alegria sem tamanho.


Thaís Velloso, Moyseis Marques e Nelson Borges no Palácio da Música, no Flamengo
Thaís Velloso, Moyseis Marques e Nelson Borges no Palácio da Música, no Flamengo

A música é parte do álbum do Nelson (ouçam os lançamentos no spotify, o álbum tá ficando bonito!) e em breve estará disponível nas plataformas digitais.

 

Depois da música em homenagem ao Aldir, nasceu outra, também em parceria com o Nelson.


A ideia de fazer essa letra veio da lembrança de um dia eu ter ido ao Bode Cheiroso e ter reparado que, numa mesa ao lado da minha, um homem ouvia, sem incomodar ninguém, "Disritmia" do Martinho da Vila. Eu tinha tomado algumas cervejas e só depois de algum tempo notei, pela proximidade das mesas, que alguém ouvia "Disritmia".


Durante a pandemia, trancada em casa, me lembrei desse episódio e criei o personagem que aparece na composição "Bar do Bode".


BAR DO BODE (Nelson Borges/ Thaís Velloso)


No bar do Bode

Ouço um samba do Martinho

Mais um de porre

Bebe e canta sozinho


Aqui na Canabarro

Eu já gargalhei

Me confessei

E se bem sei

Fiz o diabo


Chego bem cedo

Me embriago lentamente

E desta mesa vejo a vida melhorar

Entre torresmos, cervejas e batidas

Fico mais certa de que estou no meu lugar


No bar do Bode

Ouço um samba do Martinho

Mais um de porre

Bebe e canta sozinho

Aqui na Canabarro

Eu já gargalhei

Me confessei

E se bem sei

Fiz o diabo


O camarada segue na disritmia

Não sei de nada, mas, não nego, arriscaria:

Ele sente a falta daquela mulher

Que sabiamente preferiu a boemia


E o tempo passa

Como um samba do Martinho

Devagarinho vejo o dia entardecer

Quando anoitece, peço um pernil na orgia

Se pudesse eu ficaria

Até o sol renascer


No bar do Bode

Ouço um samba do Martinho

 

Escrevi uma letra de música pela primeira vez logo após a morte (causada pela Covid-19) de Aldir Blanc, cronista de nossa cidade que sempre admirei muito. A letra, composta em 2020, é uma homenagem pro Aldir. Mandei mensagem pro Nelson, grande amigo meu, sugerindo uma parceria. Ele topou (ô, sorte!), fez a melodia, mexemos na letra pra ajustar e enfim nasceu.


BALCÃO DA ETERNIDADE (Nelson Borges/ Thaís Velloso)


Um artista criado nas calçadas

A própria rua da infância avisava

Um menino de Vila Isabel

Via a lua numa caixa d'água


Quando saía encontrava

Numa esquina paradeiro

Se pedia uma bebida, declarava

Que o amor da sua vida

era o morro do Salgueiro


Joga fora outra guimba de cigarro

Faz um samba de mandinga com o Moa

Dá uma grana pro chofer que leva o carro

Tira um sarro

Vai levando a vida à toa


Num batuque com a brahma no copo

Era arrastado pelo bloco

Foi boêmio sem igual dessa cidade

Descreve o Rio sem nenhum pudor

Do Brasil conhece a identidade


Nossa sina verde-amarela

Hoje se debruça na janela

E vê o poeta no balcão da eternidade

Ouço o tempo então se perguntar:

Como equilibrar esta saudade?

 
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© Todos os textos são de autoria de Thaís Velloso, exceto quando indicado. 

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