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Depois da música em homenagem ao Aldir, nasceu outra, também em parceria com o Nelson.


A ideia de fazer essa letra veio da lembrança de um dia eu ter ido ao Bode Cheiroso e ter reparado que, numa mesa ao lado da minha, um homem ouvia, sem incomodar ninguém, "Disritmia" do Martinho da Vila. Eu tinha tomado algumas cervejas e só depois de algum tempo notei, pela proximidade das mesas, que alguém ouvia "Disritmia".


Durante a pandemia, trancada em casa, me lembrei desse episódio e criei o personagem que aparece na composição "Bar do Bode".


BAR DO BODE (Nelson Borges/ Thaís Velloso)


No bar do Bode

Ouço um samba do Martinho

Mais um de porre

Bebe e canta sozinho


Aqui na Canabarro

Eu já gargalhei

Me confessei

E se bem sei

Fiz o diabo


Chego bem cedo

Me embriago lentamente

E desta mesa vejo a vida melhorar

Entre torresmos, cervejas e batidas

Fico mais certa de que estou no meu lugar


No bar do Bode

Ouço um samba do Martinho

Mais um de porre

Bebe e canta sozinho

Aqui na Canabarro

Eu já gargalhei

Me confessei

E se bem sei

Fiz o diabo


O camarada segue na disritmia

Não sei de nada, mas, não nego, arriscaria:

Ele sente a falta daquela mulher

Que sabiamente preferiu a boemia


E o tempo passa

Como um samba do Martinho

Devagarinho vejo o dia entardecer

Quando anoitece, peço um pernil na orgia

Se pudesse eu ficaria

Até o sol renascer


No bar do Bode

Ouço um samba do Martinho

 

Escrevi uma letra de música pela primeira vez logo após a morte (causada pela Covid-19) de Aldir Blanc, cronista de nossa cidade que sempre admirei muito. A letra, composta em 2020, é uma homenagem pro Aldir. Mandei mensagem pro Nelson, grande amigo meu, sugerindo uma parceria. Ele topou (ô, sorte!), fez a melodia, mexemos na letra pra ajustar e enfim nasceu.


BALCÃO DA ETERNIDADE (Nelson Borges/ Thaís Velloso)


Um artista criado nas calçadas

A própria rua da infância avisava

Um menino de Vila Isabel

Via a lua numa caixa d'água


Quando saía encontrava

Numa esquina paradeiro

Se pedia uma bebida, declarava

Que o amor da sua vida

era o morro do Salgueiro


Joga fora outra guimba de cigarro

Faz um samba de mandinga com o Moa

Dá uma grana pro chofer que leva o carro

Tira um sarro

Vai levando a vida à toa


Num batuque com a brahma no copo

Era arrastado pelo bloco

Foi boêmio sem igual dessa cidade

Descreve o Rio sem nenhum pudor

Do Brasil conhece a identidade


Nossa sina verde-amarela

Hoje se debruça na janela

E vê o poeta no balcão da eternidade

Ouço o tempo então se perguntar:

Como equilibrar esta saudade?

 
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© Todos os textos são de autoria de Thaís Velloso, exceto quando indicado pela autora. 

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